domingo, 10 de abril de 2011

Vista cansada


Existem coisas que me encantam, e são muitas, aqui duas delas: o cantar de um bem-ti-vi pela manhã e um bom texto reflexivo.
Alguns dias atrás tive o privilégio de presenciar estes dois, o cantar do passaro e um lindo texto reflexivo. E na verdade, é justamente sobre esse contexto das pequenas coisas, serem tão importantes quanto outras que queria deixar esse texto sobre a maneira como temos visto (ou não) as coisas. SINTO Deus falar comigo ao longo dessa semana sobre 'PERCEBER' o ato de perceber situações aparentemente invisiveis aos olhos de quem tanto vê. A tragédia em Realengo, mostrou que um jovem que era visto pela sua esquisitice , não foi visto pela sua esquisitice que era uma pessoa capaz de uma ato tão cruel e insano(sobre isso,falarei depois , se possivel). Pude perceber isso ao ler a bíblia onde Jesus relatava sobre nossa falta de percepção mesmo vivendo e vendo as coisas do nosso dia a dia, "...assim como nos dias de Noé, comiam ,bebiam, casavam e davam-se em casamento...e não PERCEBERAM até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem.(Mateus 24.37-39). O texto abaixo , escrito a anos atrás relata sobre isso também. Vou deixar você também provar da lindeza desse texto.

VISTA CANSADA

Acho que foi o Hemingway quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa idéia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima idéia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença.

(Otto Lara Resende)

Leitura feita, não comentarei nada além do que muito bem você entendeu. Pequenas ações mudam o curso da nossa vida. Faça da leitura desse texto um ponto de crescimento diante do mundo e vida tão corrida que temos vivido.

Grande abraço, Robson L. Sousa


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