domingo, 8 de julho de 2012

Números que não impactam



Na sexta-feira, 29/6, o IBGE divulgou o  item religião do censo 2010. Foi um momento aguardado com muita expectativa. Enfim, a resposta: os evangélicos receberam 16 milhões de seguidores nos últimos dez anos, passando de 15,4% para 22,2% da população brasileira. Hoje somos 42,3 milhões de evangélicos. Como evangélico eu deveria estar eufórico, comemorando, afinal chegamos a um quinto da população. Incrível, não estou. Por quê? Porque não vejo o reflexo deste aumento na vida da população. O aumento do número de evangélicos, pelo que é o evangelho de Cristo, deveria implicar na redução da corrupção, do consumo de drogas, por exemplo, e não é isto que estamos vendo. Então digo que estes números são números sem impacto; não fazem diferença.
A mesma observação cabe em relação aos números de nosso Estado, ou de sua capital. O Piauí continua como o Estado menos evangélico do Brasil, mas saiu de 6,02% para 9,7%, isto significa 302.982 evangélicos. Teresina tem dados interessantes. A população da cidade é de 814.230. O número de evangélicos é de 108.638, mas conseguimos levar para a “marcha para Jesus”, em 7/6, 170 mil pessoas. Quer dizer, levamos para a avenida mais gente do que os que se declararam evangélicos no censo. Preste bem atenção: colocamos na passeata 20% da população da cidade. Qual o resultado disto, além da imagem na televisão e das manchetes nos jornais? Tudo indica que esta massificação do evangelho tem um resultado concreto: o aumento dos evangélicos nominais.
Deixamos de receber as pessoas por conversão, pelo novo nascimento, e passamos a recebê-las por adesão. Elas aderem ao ser evangélico por receber ou desejar receber uma bênção. Na verdade esta adesão leva alguns a acreditarem que Deus precisa deles, pois “se convertendo”, atraem muitos outros para a igreja.A implicação direta desta mudança de paradigma é que “os convertidos” não precisam mudar seu estilo de vida. Eles podem se declarar evangélicos e orar agradecendo, por exemplo, uma oferta recebida do desvio de verbas governamentais; ou agradecer porque alguém facilitou o envio de uma verba para patrocinar um dado evento da igreja. Alguns púlpitos são, inclusive, usados para convencer a massa a eleger estes facilitadores. Quão diferente é o evangelho do Novo Testamento! As multidões se convertiam, não porque aderiam, mas porque eram impactadas pela mensagem e mudança na vida de outra pessoa. Veja, para exemplificar, o ocorrido em Atos 17.1-9. Dois homens, apenas dois homens, impactam uma cidade. A expressão dos líderes da cidade de Tessalônica foi: “estes que têm transtornado (impactado) o mundo chegaram também aqui” (At. 17.6). Este impacto causado pela mensagem de Paulo e Silas levou à conversão “grande multidão de gregos devotos e não poucas mulheres de posição” (At 17.4). Ali surgiu uma igreja, não destas que ficam a prometer bênçãos para conquistar o “freguês”, mas de pessoas que “se tornaram imitadoras de Cristo”, recebendo a Palavra por meio de muita tribulação. Crentes que impactaram a Macedônia e Acaia, que  deixaram os pecados do passado e se converteram dos ídolos a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro (I Ts 1.6,7,9). Esta é a igreja que precisamos! Estes são os números que impactam a sociedade!

Por Pr. Gilvan Barbosa
Teresina, 08 de Julho de 2012

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