sábado, 17 de maio de 2014

O Evangelho Fora da Caixa


Quando eu era pequeno me recordo de, em uma escola dominical, assistir a um filme que falava a respeito do arrebatamento da igreja, o reinado do anticristo e o período de tribulação após e durante tais acontecimentos. Lembro-me bem de uma das cenas que mais me marcaram, quando uma menina que acabara de chegar de um culto de jovens onde foi tratado do tema em questão, ao sair do banho e não ouvir nenhum barulho pela casa, ficar transtornada pensando que todos os seus familiares haviam sido arrebatados e ela havia sido deixada pra trás. Recordo-me que não consegui dormir direito por semanas, pois sempre acordava assustado e levantava pra verificar se meus pais estavam em sua cama.

À medida que fui crescendo, fui percebendo que um dos maiores artifícios que o ser humano possui nas mãos para conseguir o que deseja é o medo. É assim quando um corretor faz você investir em determinadas ações que podem render absurdos. É assim quando você está prestes a ser promovido e pedem pra você fazer algo ilícito ou contar uma mentirinha profissional. Pra que ficar exposto quando sei que posso acabar me dando mal?


O medo paralisa nossas pernas e ainda faz com que acreditemos que nos esconder é a melhor alternativa.


O que mais me chocou quando fui acordado para tal peripécia humana foi à constatação de que a igreja é feita de pessoas, sendo assim, em qualquer lugar que esteja, é passível das mesmas mazelas pela qual o mundo está sujeito. E isto é uma revelação considerável na terra onde as coisas da “igreja (instituição)” são intocáveis, indiscutíveis e irrepreensíveis e pecador é quem não cumpre a risca o que “ela” determina. Pelo contrário, quem cumpre é santo, salvo e até bom exemplo.

Surge, então, o “evangelho da caixa” que, ao contrário do de Cristo, fecha o seu cerco, sua “panela” e nesta acrescenta novos dialetos, novos costumes, novos trajes e frases de efeito que só conseguem decifrar os que são “de dentro”. Veja que “ser” de dentro não é simplesmente “estar”, mas pertencer àquilo.


O mais inacreditável é o vício desenfreado de seguir uma “lei” escrita num véu recosturado.


Quem quer dominar escreve, determina, impõe exclusivamente pelo medo e os demais acatam para sentirem-se parte do todo, sob a pretensão de serem obedientes a Deus e não receberem um castigo no porvir. Nesse vício até novo testamento vira velho testamento como se as problemáticas sociais fossem as mesmas e o povo não conseguisse pensar por si mesmo.
Ao fundo deste discurso o tom pode soar como rebeldia a algumas pessoas, porém tente perceber que o evangelho é de Jesus, o Cristo, não de Mateus, Marcos, Lucas, João ou de quem quer que seja.
Se houver anexos à simples obra redentora da cruz de Jesus de Nazaré tenha certeza, este não tem poder pra transformar vida, ainda que miraculosamente faça qualquer tipo de mágica que impressione a vista de seus espectadores e, como tal, deve ser rejeitado.
“É permitido curar num sábado? Sim ou não? Eles ficaram em silêncio. Jesus chamou o homem e o curou. Depois de o despedir, perguntou: “Se seu filho ou seu animal cair num poço num sábado, será que há alguém aqui que não corra para tirá-lo de lá imediatamente?”. Ninguém se arriscou a responder.” Lucas 14.3-6 – versão A mensagem
Procure pelo evangelho que está por cima da tampa da religião, que, aliás, é uma bandeira do inferno, não desprezando os que ainda não entendem o quão maravilhoso é ser livre, para enfim ser igreja, corpo de Cristo, nunca menosprezando, o credo, o rito, o templo e a tradição, mas sempre levando em conta que existe algo que deve receber prioridade máxima todos os dias em todos os momentos, superando qualquer tipo de coisa que pudermos imaginar.
Fonte: Pastor Rodrigo Baia

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